"A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história, em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Ideia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraiso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!" Octavio Paz


domingo, 9 de dezembro de 2012

Sonhadora!




Sonhos são asas
frágeis,
coloridas,
brilhantes.
Voam leves,
espalham beleza.
Sonhos são atemporais:
desconhecem a eternidade e o instante.
Sonhar é como mergulhar num oceano,
caminhar numa praia deserta,
lançar-se num abismo,
navegar em mar aberto,
viajar pelo espaço como uma estrela errante.
Para quê servem os sonhos?
Muitos são os que dizem que acreditam em seus sonhos,
Eu não acredito nesses
porque sonho não é crença.
Mas creio naqueles que vivem seus sonhos,
porque sonhar é um jeito de ser,
de se fazer acontecer como manifestação singular da vida.
Sonho é aquilo que nos move.
Sonho é movimento que muda a realidade...
Sonho é também realidade.
Inexistente.
Esperança.
Loucura.
Utopia.
Razão para viver.
Leila

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