ipês, paineiras,
uma velha araucária,
hortênsias e margaridas...
companheiros de pique-esconde
da Praça do Café.
No colégio Castro Alves
a menina em seu primeiro dia de aula
impecável:
jardineira pregueada, num azul índigo.
Brancas:
camisa com bolso bordado a mão e meias três quartos
Fita no cabelo,
fita a capa de seu livro
novinho e encapado!
A lição:
letras e letras a desenhar
sozinhas ou de mãos dadas.
A campainha...
avisa à guria que já é hora de ir
quando então fecha seu livro de aprender.
A caminho,
Uma revoada de andorinhas
e o cheiro de terra molhada!
Na paisagem, um exército verde e enfileirado
sobre um tapete vermelho a perder de vista!
Os sinos da torre da catedral
anunciam a benção da avó
acompanhada de bolo de milho,
biscoito de polvilho
e brevidade.
No bule, o café
plantado, colhido, torrado e moído
passado pelo coador de pano,
feito por mãos fortes, porém de afago suave
que nunca sequer desenhou letras,
juntas ou apartadas.
Mas a anciã, com sua sabedoria,
sabe partilhar,
num breve momento, com a menina,
lições de outros tempos:
rezas, histórias antigas,
causos e cantigas
... e as peraltices de outrora
testemunhadas por tão somente
bonecas de sabugo e de pano,
deixam revelar memórias
de um tempo-espaço que não cabe em si mesmo,
(pois que não é de sua natureza!).
De um tempo que não cessa em ser criado
e recriado.
Leila
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