Tu, quer a transformação. Oh deixa arrebatar-te pela chama
em que algo se te escapa que se ufana de metamorfoses;
aquele Espírito criador, que domina o que é terreno,
não ama, no lanço da figura, nada tanto como o ponto giratório.
O que se fecha na mobilidade, é já inteiriçado;
supõe-se acaso seguro na proteção do pardacento ensosso?
Espera, o mais duro adverte de longe o que é duro.
Ai: o martelo ausente ergue-se para o golpe.
Quem como fonte transborda, o conhecimento o conhece;
e conduzi-lo em êxtase através da Criação serena
que como princípio muitas vezes acaba e com o fim principia.
Todo espaço feliz é filho ou neto da separação,
que eles percorrem, em espanto. E a Dafne transformada,
desde que sente como loureiro, quer que te mudes em vento.
Rainer Maria Rilke
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